sábado, 29 de março de 2008

Ainda sobre o Tibete e os Jogos Olímpicos de Pequim

A questão do conflito que opõe o Tibete e a China, já largamente difundida através dos media e amplamente escalpelizada na blogosfera, ainda não teve os efeitos práticos pretendidos para uma evolução favorável da situação do povo tibetano. Existem já algumas, embora escassas e descabidas, tomadas de posição políticas de alguns líderes da Europa, nomeadamente a proposta de Sarkozy para que a França e outros países da U.E façam um boicote aos Jogos Olímpicos de Pequim, e aqui não sei até que ponto o presidente francês está a ser genuíno e também não percebo o propósito de tal coisa, se o está a fazer apenas porque quer marcar uma mera posição que lhe confere uma certa exclusividade e protagonismo em relação aos demais, ou se a sua intenção a roçar a chantagem é mesmo com o objectivo (sem interesses ocultos) de pressionar e levar Pequim a encetar um diálogo forçado com os tibetanos. Como escrevi aqui e aqui, eu faço o meu boicote simbólico às Olimpíadas por solidariedade para com o povo tibetano e também porque mais uma vez me sinto indignado pelo desrespeitar constante dos direitos humanos por parte da China. E embora pareça contraditório face àquilo que vou escrever de seguida, é um bocado como aquela máxima: "Faz aquilo que eu te digo, não faças aquilo que eu faço!". Eu acho que um possível boicote aos Jogos Olímpicos da parte da França e de outros países (se embarcarem na conversa de Sarkozy), em nada resolve a situação, para além de que, no plano desportivo põe em causa o trabalho e o esforço dos atletas em que o corolário de uma vida desportiva é o de puderem participar numas olimpíadas. E já para não falar na carga psicológica que lhes é provocada com a situação de indefinição criada a escassos meses de "Pequim 2008"... Voltando ao lado político da questão e regressando ao passado e à História dos Jogos Olímpicos (quase) sempre recheados de episódios de conflitos: Adoptar certas posições (não tão graves, salvaguardem-se as distâncias, mas igualmente condenáveis) é estar a retroceder na evolução, é misturar mais uma vez desporto com política, é repetir mais uma vez o mesmo erro. E claro, é repisar, enxovalhar e ofender o já tão sacrificado espírito olímpico! Portanto, eu acho que líderes como Sarkozy deveriam ter a inteligência e o discernimento para conseguir separar as águas. Se pretendem dar uma lição de puro autoritarismo à China, (se bem que não devessem entrar por aí, pois os chineses nessa disciplina são catedráticos), optem por lhes aplicar sanções económicas, boicotem os produtos chineses, cancelem as importações para a Europa, enfim, façam chantagem assim... Mas deixem os Jogos Olímpicos em paz!

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