Em certos estados que se intitulam democráticos, incluindo o nosso (ainda agora estalou a polémica dos vôos da CIA, e este é só um exemplo), não entendo qual é o conceito que esses mesmos estados têm da palavra «Democracia»? Será que orientam as suas democracias a partir [ daqui ] ? Ou para os estados ditos democratas a «Democracia» significa tão somente «aliados estratégicos» e «parcerias económicas»?...
EUA e União Europeia aceitam que autocratas passem por democratas
01.02.2008, Francisca Gorjão Henriques
«Interesses comerciais levam países ocidentais e democracias influentes a fechar os olhosa abusos em regimes musculados, acusa organização com sede em Nova Iorque. Eleições não são sinónimo de democracia, e aceitar o contrário significa desvalorizar o respeito pelos direitos humanos. Mas é isso que vários países ocidentais estão a fazer, diz o relatório anual da Human Rights Watch (HRW), publicado ontem. "Ao permitir a autocratas apresentarem--se como democratas, sem lhes exigir respeito dos direitos cívicos e políticos que dão sentido à democracia, Estados Unidos, União Europeia e outras democracias influentes arriscam-se a minar os direitos humanos em todo o mundo", diz a HRW.Interesses económicos, comerciais, ou de segurança têm levado vários países a aceitar "um simulacro de democracia" em países como o Paquistão, o Quénia ou a Rússia. "Hoje, a democracia tornou-se na condição sine qua non da legitimidade", escreve Kenneth Roth, autor do relatório. "Até os ditadores aspiram ao estatuto do rótulo democrático."Um exemplo de líder autoritário que "usa jogos de palavras e a retórica" para defender que "as restrições à democracia são necessárias para a salvar" é o Presidente paquistanês, Pervez Musharraf. Foi assim que impôs o estado de emergência para impedir que os juízes do Supremo Tribunal considerassem a sua eleição ilegal. Musharraf afirmou que a medida de excepção era necessária para ter resultados na luta contra os extremistas islâmicos; pelo caminho, destruiu um sistema judicial independente. "EUA e Reino Unido, os seus maiores fornecedores de ajuda, recusaram-se a condicionar o auxílio à melhoria das condições pré-eleitorais".A organização de direitos humanos, com sede em Nova Iorque, documentou vários tipos de manipulação de eleições: fraude (Chade, Jordânia, Cazaquistão, Nigéria, Uzbequistão); controlo do aparelho eleitoral (Azerbaijão, Malásia, Tailândia, Zimbabwe); bloqueio ou desencorajamento de candidatos da oposição (Bielorrúsia, Cuba, Egipto, Irão, Israel e territórios palestinianos, Líbia, Uganda); violência política (Camboja, República Democrática do Congo, Etiópia, Líbano); abafamento dos media e da sociedade civil (Rússia, Tunísia); e comprometendo o Estado de direito (China, Paquistão). "Muitas destas tácticas são ilegais, mas raramente as potências chamam os governos a responder por elas". Porquê? Por medo de "perder o acesso a recursos ou oportunidades comerciais, ou por causa do que consideram requisitos para combater o terrorismo". E adianta: "Parece que Washington e os Governos europeus aceitam a eleição mais duvidosa desde que o "vencedor" seja um aliado estratégico ou comercial".»(fonte: jornal Público)
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