segunda-feira, 12 de maio de 2008

«O drama dos novos pobres»

Tenho andado meio desinspirado, são fases. Fases em que não me apetece escrever. Ou os motivos pelo qual escrevo são sempre os mesmos. Esgoto-os e esgoto-me... Deixo-vos hoje umas frases que transcrevi do editorial de Manuel Carvalho no Público de ontem, domingo, que me chamaram a atenção e que são infelizmente um bom retrato desse espectro bem real e crescente que é a pobreza que grassa por este país fora. Para quem não leu, (e vale a pena ler), aqui fica o que considerei essencial:
«Para as famílias que subsistem com o salário mínimo, ter de gastar mais 800 euros por ano marca a diferença entre uma vida digna e a necessidade da assistência social que tanto se esforçam para recusar»
«O Governo não quer ver, não quer ouvir nada sobre a vaga de pobreza envergonhada que grassa um pouco por todo o país...»
«Há meses que o agravamento das taxas de juro e a subida dos preços dos combustíveis degradam os fracos índices de conforto de milhares de pessoas. Há meses que os sinais de retracção no consumo de queijo, de gasolina ou de carnes vermelhas nos ajudam a perceber que uma silenciosa maré de desespero se abate sobre inúmeros lares país fora.»
«... as manifestações da pobreza deixaram de ser exclusivas das famílias desagregadas ou excluídas para se entranharem no quotidiano das classes médias baixas. Se nos primeiros casos a visibilidade do problema se media nos índices de procura dos serviços e bens distribuídos pelas associações de solidariedade social ou nas inscrições no Rendimento Social de Inserção, a nova vaga de pobreza persiste em esconder-se na dignidade conquistada nos anos de maior prosperidade. São pessoas que aproveitaram a era do dinheiro barato para comprarem casa ou um automóvel usado, que tudo fizeram e tanto lutaram para ascender na vida social e que agora assistem a uma degradação brutal das suas condições de vida.»
«Um dia, porém a situação emergirá em toda a sua crueza... Muitos engrossarão o caudal da exclusão, com tudo o que isso implica em termos de equilíbrio social. Outros, talvez a maioria até, sofrerão as novas agruras do quotidiano. Todos porém alimentarão o rancor e o ressentimento contra um país que inevitavelmente vão considerar falhado...»
"Nunca pensei que um dia estaria aqui" à espera de um saco de legumes. (desabafo de uma mulher, numa fila de destribuição de alimentos em Rio de Mouro, Sintra, a uma jornalista do Público numa reportagem também desta edição do jornal).

4 comentários:

Anónimo disse...

Uma vergonha o que esta cambada de vigaristas e de aldrabões estão a fazer à população portuguesa. Os actuais governantes estão a governar-se em nome dos que os elegeram e não há ninguém que os coloque na barra do tribunal. Só nos resta fazer justiça pelas nossas próprias mãos...

Watchdog disse...

Anónimo,dou-lhe toda a razão. Tempos difíceis se adivinham, e como o meu amigo KAOS escreveu e bem, num post, "não me parece que só com teclas de computador os possamos combater"...

1 Abraço!

Mariazinha disse...

Contudo o povinho continua manso, agarrado a futebois e telenovelas.
É preciso fazer barulho e não ter vergonha de ser pobre.
Estou farta de tanta hipocrisia.
Um beijo

Pata Negra disse...

Esta a marca de Sócrates, a história far-lhe-á a justiça que merece, pena que o povo já nem para lhe fazer justiça tenha forças!
Esta corja socialista está a dar um importante contributo para o fim do mundo!
Pelos pobres, contra Sócrates!
Um abraço de mãos a abanar